STF Fecha Brasília com Arsenal de Guerra

Esquema de segurança máxima transforma Supremo Tribunal Federal em fortaleza impenetrável durante reta final de processo histórico sobre tentativa de golpe de Estado

O Supremo Tribunal Federal montou um verdadeiro aparato militar para proteger a fase decisiva do julgamento que pode condenar Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado. O esquema inclui drones com imagem térmica, cães farejadores, tropas de choque e fechamento total da Praça dos Três Poderes.

A operação de segurança, considerada a mais robusta da história recente da Corte, está sendo implementada durante a segunda semana de julgamentos que começaram na terça-feira passada e devem se estender até sexta-feira desta semana. O ex-presidente e seus aliados respondem por cinco crimes cuja pena somada pode ultrapassar 40 anos de prisão.

O STF adotou o protocolo de mais alto grau de vigilância, categoria que só foi utilizada em episódios como o julgamento do mensalão e em momentos de grave ameaça à sede da Corte. As medidas especiais de segurança permanecerão também nas duas semanas seguintes, devido à posse do novo presidente da Corte, ministro Edson Fachin, marcada para 29 de setembro.

Operação Militar Cerca STF

O esquema de segurança transformou o entorno do Supremo em uma verdadeira zona militar. A Polícia Militar do Distrito Federal destacou efetivo extra de homens e viaturas, incluindo a presença da tropa de choque, do Bope e do COT da Polícia Federal. Cerca de 30 guardas vindos do Rio de Janeiro e São Paulo já dormem nas dependências da Corte desde o início da semana.

A instalação de novos pórticos de detecção de metais nas entradas do tribunal, além do aumento do policiamento ostensivo no entorno do STF, com agentes da Polícia Judicial e de outros quatro tribunais deslocados para Brasília, completa o aparato de segurança. Aglomerações que caracterizem manifestações e qualquer tipo de acampamento nas proximidades estão terminantemente proibidos.

Tecnologia de Ponta Monitora Ameaças

O esquema especial prevê o uso de cães farejadores e drones de monitoramento com imagem térmica, capazes de varredura diurna e noturna. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que utilizará equipamentos de última geração, incluindo drones com capacidade de imagem térmica que permite varreduras diárias, realizadas tanto de dia quanto à noite, detectem movimentos e objetos a grandes distâncias, mesmo sem iluminação, garantindo vigilância contínua e eficaz do perímetro.

Pessoas que transitam pela Praça dos Três Poderes e nas vias de acesso ao Supremo são monitoradas e podem ser abordadas por policiais para revistas de mochilas e bolsas. Uma Célula Presencial Integrada de Inteligência foi instalada na sede da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, reunindo órgãos de segurança locais e nacionais para monitoramento da movimentação de pessoas em Brasília e nas redes sociais.

Julgamento Histórico Define Destino de Bolsonaro

A Primeira Turma do STF retoma nesta terça-feira o julgamento do núcleo central da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados. O julgamento é considerado o mais importante da história recente da Corte por envolver, pela primeira vez, um ex-presidente acusado de tentativa de golpe de Estado.

O primeiro voto será do relator, ministro Alexandre de Moraes, que na semana passada abriu o julgamento com um duro discurso contra a possibilidade de impunidade a tentativas de golpe de Estado. O colegiado é composto pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.

Cronograma da Semana Decisiva

Foram reservadas as sessões dos dias 9, 10, 11 e 12 de setembro para finalização do julgamento, quando os ministros decidirão se condenam ou absolvem os réus. O cronograma prevê sessões matutinas das 9h às 12h e vespertinas das 14h às 19h. Os réus não precisam comparecer presencialmente ao julgamento na Suprema Corte.

Contexto Histórico da Segurança Reforçada

O STF considera as experiências anteriores de alta tensão na capital, especialmente episódios envolvendo manifestações. O histórico inclui a explosão de um artefato caseiro na Praça dos Três Poderes e ameaças de invasão ao STF por apoiadores de Bolsonaro. Apenas em casos como o julgamento do mensalão foi adotado protocolo similar de segurança máxima. Os atos golpistas de 8 de janeiro que destruíram as sedes dos Três Poderes reforçaram a necessidade de segurança extrema.

Réus do Núcleo Central

• Jair Bolsonaro: Ex-presidente da República
• Alexandre Ramagem: Deputado federal e ex-diretor-geral da Abin
• Almir Garnier: Ex-comandante da Marinha
• Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
• Augusto Heleno: Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
• Mauro Cid: Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
• Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministro da Defesa
• Walter Braga Netto: Ex-ministro e candidato a vice em 2022

Crimes e Penas em Julgamento

• Organização Criminosa: Integrar grupo voltado ao golpe de Estado
• Tentativa de Abolição do Estado Democrático de Direito: Crime previsto no Código Penal
• Plano “Punhal Verde e Amarelo”: Planejamento para sequestro e assassinato de autoridades
• Minuta do Golpe: Documento para decretar estado de defesa e sítio
• Participação no 8 de Janeiro: Envolvimento com os atos golpistas

Tecnologia e Inteligência

• Drones com Imagem Térmica: Detecção de movimentos a grandes distâncias sem iluminação
• Cães Farejadores: Varredura de explosivos e drogas nas dependências
• Pórticos de Detecção: Novos equipamentos para identificar metais
• Monitoramento Digital: Acompanhamento de redes sociais em tempo real
• Célula de Inteligência: Análise integrada de movimentações suspeitas