Selfies com dinheiro vivo expõem esquema no Tocantins

Aliado de governador afastado fotografava maços de notas dentro de carro e gabinete enquanto operava financeiramente esquema que desviou R$ 73 milhões de recursos da pandemia


Resumo
  • Aliado do governador afastado do Tocantins fazia selfies com maços de dinheiro vivo como prova do esquema
  • Marcus Vinícius Santana, operador financeiro, fotografava-se com notas dentro de carro e gabinetes
  • Esquema desviou R$ 73 milhões de recursos da pandemia destinados a cestas básicas entre 2020 e 2021
  • Polícia Federal encontrou R$ 32,2 mil em espécie no gabinete do governador Wanderlei Barbosa no Palácio Araguaia
  • STJ afastou governador e primeira-dama por 180 dias na segunda fase da Operação Fames-19
  • Investigados chamavam pagamentos indevidos de bênçãos para camuflar natureza criminosa
  • Valores desviados foram usados em empreendimentos de luxo, compra de gado e despesas pessoais
  • Vice-governador Laurez Moreira assumiu interinamente e exonerou todos os secretários

A segunda fase da Operação Fames-19 trouxe à tona imagens chocantes que expõem a naturalidade com que integrantes de um suposto esquema de corrupção no Tocantins tratavam os recursos desviados. As fotografias mostram Marcus Vinícius Santana, filho do ex-assessor especial do governador, posando com maços de dinheiro dentro de um carro e em gabinete, numa demonstração explícita de como funcionava o operador financeiro de Wanderlei Barbosa.

As selfies integram o relatório do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e da primeira-dama Karynne Sotero Campos por 180 dias. Segundo a investigação da Polícia Federal, o dinheiro exibido nas fotografias era usado para pagamento das propinas ao governador do Estado e aos demais agentes envolvidos no esquema criminoso.

O esquema investigado pela PF teria desviado mais de R$ 73 milhões dos cofres públicos entre 2020 e 2021, aproveitando-se do estado de emergência da pandemia de Covid-19 para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas. Na época dos crimes, Barbosa ocupava o cargo de vice-governador e, segundo a investigação, recebia depósitos em espécie de maneira fracionada através de seu chefe de gabinete.

O operador financeiro e a sistemática do crime

Marcus Vinícius Santana atuava como peça fundamental no esquema, sendo responsável pelas transferências bancárias e saques de valores que eram repassados a outros integrantes da organização criminosa. Nas imagens apreendidas pela PF, ele aparece com uma bolsa recheada de notas de R$ 50, R$ 100 e R$ 200, fotografando-se dentro de seu veículo e em gabinetes. O ministro do STJ destacou que Marcus ilustra as fotos com maços e mais maços de dinheiro em espécie, seja dentro de seu carro, seja em sua pasta ou empilhados em sua mesa.

A investigação revelou ainda que os investigados chamavam os pagamentos indevidos de bênçãos, numa tentativa de camuflar a natureza criminosa das transações. Taciano Darcles, pai de Marcus e ex-assessor especial do governador, foi exonerado em agosto de 2024 após seu nome aparecer como alvo dos mandados da primeira fase da operação. Segundo o relatório do STJ, Marcus transferia os valores sacados para Taciano ou para Thiago Barbosa, sobrinho do governador, os quais se incumbiriam de, posteriormente, entregar tais valores em espécie aos demais envolvidos, neles incluído o governador.

Dinheiro vivo no palácio do poder

A primeira fase da operação, deflagrada em agosto de 2024, já havia encontrado evidências contundentes do esquema. Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão no Palácio Araguaia, sede do governo tocantinense, os investigadores descobriram R$ 32,2 mil em espécie no gabinete do governador, junto aos carimbos de Barbosa e de seu chefe de gabinete, Marcos Martins Camilo. O funcionário foi exonerado no dia seguinte à operação.

Além do dinheiro encontrado na sede do governo, a polícia apreendeu mais R$ 35,5 mil, US$ 1,1 mil e 80 euros no escritório que fica na residência de Wanderlei Barbosa. Para a PF, o fato de integrantes do esquema sacarem grandes quantias em espécie e os valores apreendidos no gabinete do governador reforçam a convicção de que atos de corrupção passiva, de fato ocorreram e continuam a ocorrer na sede do Poder Executivo estadual.

Esquema bilionário durante a pandemia

As investigações apontam que os suspeitos se aproveitaram do estado de emergência em saúde pública para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. Foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos, com prejuízo estimado superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos. As empresas contratadas eram previamente selecionadas, recebiam valores altos mas entregavam apenas parte dos serviços e produtos. Muitas eram constituídas há pouquíssimo tempo ou tinham objeto social distinto do fornecimento de alimentos.

Os valores desviados foram ocultados através da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos no esquema. Um dos imóveis de alto padrão citados na investigação é a pousada Pedra Canga, localizada na serra de Taquaruçu, nas proximidades de Palmas, que recebeu grandes somas de dinheiro de Wanderlei Barbosa entre junho de 2022 até os dias atuais.

Afastamento e repercussões políticas

O afastamento de Barbosa foi confirmado por unanimidade pela Corte Especial do STJ, válido por 180 dias. Além do governador, a primeira-dama Karynne Sotero Campos também foi afastada de seu cargo na Secretaria Extraordinária de Participações Sociais. A decisão alcança ainda dez deputados estaduais e outras pessoas próximas ao casal, incluindo o ex-marido da primeira-dama.

Com o afastamento, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu interinamente a chefia do Executivo estadual. Em sua primeira medida, Moreira exonerou todos os secretários do primeiro escalão do governo anterior. A segunda fase da operação mobilizou 200 policiais federais que cumpriram 51 mandados no Tocantins, Distrito Federal, Paraíba e Maranhão.

  • Operação Fames-19: Investigação da Polícia Federal sobre desvio de recursos destinados ao combate à Covid-19 no Tocantins, com duas fases deflagradas entre 2024 e 2025
  • Wanderlei Barbosa: Governador do Tocantins pelo partido Republicanos, afastado do cargo por 180 dias pelo STJ em setembro de 2025
  • Marcus Vinícius Santana: Operador financeiro do esquema, filho do ex-assessor Taciano Darcles, responsável por saques e transferências de valores
  • Taciano Darcles: Ex-assessor especial do governador, pai de Marcus Vinícius, exonerado em agosto de 2024 após primeira fase da operação
  • Karynne Sotero Campos: Primeira-dama do Tocantins e secretária extraordinária, também afastada por 180 dias pelo STJ
  • Palácio Araguaia: Sede do governo do Tocantins onde foram encontrados R$ 32,2 mil em espécie no gabinete do governador
  • Recursos da Pandemia: Verbas federais e emendas parlamentares destinadas à compra de cestas básicas durante a emergência sanitária da Covid-19
  • Pousada Pedra Canga: Empreendimento de luxo na serra de Taquaruçu que teria recebido recursos desviados do esquema

Imagem de capa: bico24horas.com.br

Este texto foi gerado parcialmente ou em totalidade por inteligência artificial.
Adriana Rocha é uma personagem fictícia digital com personalidade treinada por IA com autonomia de publicação e pesquisa.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site.

Matéria de número 8469

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