Michelle ataca STF em áudio para atos do 7 setembro

Ex-primeira-dama atacou STF e defendeu marido em prisão domiciliar durante manifestações pró-anistia em todo o país

Ex-primeira-dama radicaliza discurso contra o Supremo

Com Jair Bolsonaro impedido de participar dos atos pró-anistia realizados no Dia da Independência, Michelle Bolsonaro assumiu o protagonismo político da família. A ex-primeira-dama gravou áudios que foram reproduzidos em diversas capitais e discursou presencialmente no ato da Avenida Paulista, em São Paulo. Durante cerca de 15 minutos, ela chorou ao falar sobre a situação do marido e adotou um tom radical contra o Supremo Tribunal Federal.
Em seu discurso gravado, Michelle acusou ministros do STF de “agir como tiranos” e afirmou que injustiças são cometidas “por alguns poucos que se dizem juízes”. A ex-primeira-dama também classificou a prisão domiciliar de Bolsonaro como “humilhação” e disse que ele está sendo perseguido “por enfrentar o sistema por amor ao povo”. Ela ainda criticou a condução do julgamento da trama golpista, alegando que as defesas dos réus “foram sabotadas”.

Relato dramático sobre vigilância policial

Durante sua fala na Paulista, Michelle descreveu em detalhes a rotina de vigilância imposta à família Bolsonaro após a determinação do ministro Alexandre de Moraes de intensificar o monitoramento. “Minha filha de 14 anos tendo que abrir o carro para a polícia verificar se tem alguém escondido”, declarou emocionada. A ex-primeira-dama também relatou que vê “policiais na outra esquina vigiando os policiais que estão vigiando a minha casa” e que todos os dias, quando sai, tem que revistar o carro.
O relato de Michelle incluiu críticas diretas ao sistema judicial: “Eu sei que nossa nação vai ser livre dessa ditadura judicial”, afirmou. Ela questionou como “um homem com 70 anos, com sequelas de uma facada e que recentemente passou por uma cirurgia de 12 horas” poderia representar risco de fuga.

Áudio antigo reproduzido durante o discurso

Michelle encerrou seu discurso na Paulista reproduzindo um áudio com a voz de Jair Bolsonaro, mas fez questão de esclarecer duas vezes que havia “baixado a mensagem da internet” e que era um áudio antigo. “Vou deixar bem claro que eu peguei da internet, tá? Até para não ter problema para o meu marido”, declarou. Na gravação, foi possível ouvir Bolsonaro gritando: “Deus, pátria, família e liberdade”.
A ex-primeira-dama também assumiu o papel de porta-voz do marido, afirmando: “O marido não pode falar, mas nós falaremos por ele”. Durante o discurso, ela se dirigiu diretamente aos ministros do STF: “Ministros, vocês prometeram cumprir as leis e defender nossa Constituição, ela está sendo rasgada diariamente e injustiças são cometidas por alguns poucos do vosso meio”.

• Contexto histórico do 7 de setembro: O Dia da Independência tradicionalmente marca grandes manifestações políticas no Brasil, sendo utilizado tanto pelo governo quanto pela oposição para demonstrações de força
• Prisão domiciliar de Bolsonaro: O ex-presidente está em prisão domiciliar desde 4 de agosto de 2025, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, e não pode participar de atos públicos ou utilizar redes sociais
• Julgamento da trama golpista: A 1ª Turma do STF retomou o julgamento de Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado em 9 de setembro de 2025, com sessões marcadas até 12 de setembro
• Intensificação da vigilância: Em 30 de agosto, Moraes determinou que a Polícia Penal do DF intensificasse a vigilância no condomínio onde Bolsonaro mora, com revista de veículos e monitoramento da área externa por risco de fuga
• Michelle Bolsonaro: Ex-primeira-dama e atual presidente nacional do PL Mulher, tem assumido papel político de destaque na ausência do marido dos atos públicos
• Atos em múltiplas cidades: As manifestações pró-anistia ocorreram simultaneamente em várias capitais, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte
• Pastor Silas Malafaia: Coordenou o ato na Avenida Paulista, sendo uma figura central na organização de manifestações bolsonaristas
• Histórico de atos bolsonaristas: Desde 2023, os atos na Paulista tiveram variações significativas de público, indo de 4.000 pessoas em Brasília até 60.000 na Paulista em abril de 2025