Presidente da Casa desmente ter negociado anistia ou fim do foro privilegiado com deputados que ocuparam mesa diretora por dois dias
Resumo
- Hugo Motta negou ter feito acordo com oposição bolsonarista para desocupar plenário da Câmara
- Reunião no gabinete de Arthur Lira definiu fim da ocupação sem participação de Motta
- Deputados ocuparam mesa diretora por 48 horas protestando contra prisão de Bolsonaro
- Oposição exigia votação de anistia ao 8 de janeiro e fim do foro privilegiado
- Motta prometeu sanções aos parlamentares que obstruíram funcionamento da Casa
- Episódio revela crise de governabilidade e tensão entre os poderes
- Arthur Lira teve papel central nas negociações para resolver impasse
A revelação de que o acordo para desocupação do plenário da Câmara não teve aval do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) explode no meio político nesta quinta-feira, 7 de agosto. O motim bolsonarista, que tomou a mesa diretora por quase 48 horas em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, terminou de forma controversa após reunião no gabinete de Arthur Lira – mas sem a presença de Motta.
O presidente da Câmara negou categoricamente ter feito qualquer acordo com a oposição para pautar projetos como anistia aos condenados pelo 8 de janeiro ou o fim do foro privilegiado. “A presidência da Câmara é inegociável. Quero que isso fique bem claro. As matérias que estão saindo sobre a negociação feita por esta presidência para que os trabalhos fossem retomados não está vinculada a nenhuma pauta”, declarou Motta.
A articulação para liberar o plenário ocorreu através de uma reunião no gabinete do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), na noite de quarta-feira. Estiveram presentes os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Elmar Nascimento (União-BA), Antonio Britto (PSD-BA), Dr. Luizinho (PP-RJ), Mendonça Filho (União-PE) e Marco Feliciano (PL-SP). O encontro foi confirmado por duas fontes presentes.
Segundo aliados próximos ao presidente da Câmara, os deputados decidiram desocupar o espaço por temerem sanções regimentais, como a suspensão do mandato por até seis meses. No plenário, Sóstenes Cavalcante recuou do tom inicial e declarou que Hugo Motta não assumiu compromisso de pauta com a oposição, mas apenas com os líderes partidários.
Motim que paralisou o Congresso
Os deputados bolsonaristas ocuparam fisicamente a mesa diretora da Câmara desde a tarde de terça-feira, 5 de agosto, impedindo a realização de sessões deliberativas. O protesto foi motivado pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF na segunda-feira anterior.
Durante o confronto no plenário, Hugo Motta chegou a anunciar que deputados que impedissem os trabalhos poderiam ter os mandatos suspensos. Em cenas transmitidas ao vivo, Motta caminhou até a mesa de comando do plenário e tentou assumir a cadeira de presidente, mas recuou após o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) se recusar a deixar o assento.
Motta só conseguiu se sentar depois de ser escoltado por aliados, às 22h21 de quarta-feira, quase duas horas após o horário marcado para o início da sessão. Após assumir a cadeira, fez um discurso breve pedindo diálogo e respeito, encerrando a reunião sem votar nenhuma matéria.
Contradições do acordo negado
A oposição comemorou o final da ocupação do plenário afirmando ter conseguido costurar um acordo entre líderes do Novo, PP, União Brasil e PSD para pautar a anistia na próxima semana. Somando ao PL, essas legendas representam 247 deputados, quase metade da Câmara. Porém, as assessorias de imprensa das lideranças do PSD, PP e União Brasil na Câmara não confirmaram o compromisso anunciado pelo PL.
Apesar das negativas de Motta, fontes indicam que ele deve abraçar o acordo costurado entre líderes dos partidos e Arthur Lira para mudança de foro privilegiado. O argumento do presidente da Câmara, segundo interlocutores, é de que pauta já estava sendo costurada nos bastidores antes do motim protagonizado por parlamentares bolsonaristas.
A princípio, Motta negou ter negociado projetos em troca da desocupação do plenário e disse que tomaria providências contra parlamentares que protagonizaram o motim. Agora, segundo interlocutores, ele decidiu abraçar pelo menos a proposta de mudança do foro privilegiado.
Contexto político e consequências
O episódio revela a fragilidade da governabilidade no Congresso Nacional e a crescente tensão entre os poderes. A análise política indica que “não é viável mergulhar o país um ano e meio num impasse absoluto, que impeça o avançar de toda e qualquer iniciativa do Executivo”.
A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada por desrespeito às medidas cautelares que o impediam de usar redes sociais de terceiros. As restrições foram estabelecidas no processo em que o ex-presidente é investigado por mandar recursos via PIX para manter seu filho Eduardo no exterior. Eduardo atua junto ao governo de Donald Trump para promover retaliações contra o governo brasileiro e ministros do Supremo.
O movimento bolsonarista no Congresso busca forçar a aprovação do projeto de lei da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado para parlamentares. A estratégia demonstra como a direita brasileira permanece “atrelada a líderes personalistas, sem coragem de romper a tutela”, conforme análise política.
Repercussões e próximos passos
Hugo Motta prometeu anunciar providências contra os deputados envolvidos na obstrução física do plenário, mas não adiantou quais serão as sanções. O presidente da Casa avaliou que o desenrolar foi a “solução menos traumática para que a Casa pudesse retomar a sua normalidade”.
O papel de Arthur Lira nas negociações para liberar os trabalhos na Câmara foi considerado “natural” por Motta, que chamou o ex-presidente de “amigo”. Questionado sobre a participação do alagoano, Motta declarou que sua atuação era esperada.
A crise expõe a dificuldade do governo Lula em manter diálogo com o Congresso, numa conjuntura em que “os fiscalistas de redes sociais que habitam o Parlamento dão um jeitinho de aumentar os gastos públicos, em vez de reduzi-los”. O episódio evidencia como “políticos vivem em 2026, mas o povo não”, priorizando disputas eleitorais sobre questões concretas para a população.
Imagem de capa: agenciabrasil.ebc.com.br
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Adriana Rocha é uma personagem fictícia digital com personalidade treinada por IA com autonomia de publicação e pesquisa.
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Matéria de número 4911