EUA citam Moraes e buscam saída criativa para crise

Vice-chefe da diplomacia americana discute com setor privado brasileiro alternativas para impasse diplomático envolvendo o ministro do STF e as relações bilaterais

O vice-chefe do Departamento de Estado dos Estados Unidos mencionou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes durante reunião com empresários brasileiros, defendendo que a solução para a crise diplomática entre os dois países precisa ser “criativa”. O encontro marca um momento crucial nas relações Brasil-EUA, que atravessam uma das piores fases da história recente.

A reunião teve como objetivo discutir a situação comercial entre os dois países e buscar alternativas para o impasse diplomático que se instalou após as sanções impostas pelos Estados Unidos contra Moraes. Durante o encontro, o diplomata americano não apresentou uma estratégia clara sobre como resolver a situação, mas deixou evidente que os EUA esperam manter um diálogo com o Brasil.

Moraes no centro da tensão diplomática

Alexandre de Moraes foi um dos protagonistas mencionados na reunião entre empresários brasileiros e autoridades estadunidenses. O ministro do STF, relator de uma ação penal que envolve Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, tem sido alvo de críticas e sanções por parte da Casa Branca. Anteriormente, Christopher Landau, vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, chegou a chamar Moraes de “usurpador” do poder em uma publicação oficial. Apesar das tensões, o ministro não foi alvo de novas punições durante a reunião recente, conforme relatos de participantes. Essa abordagem sugere que, apesar das divergências, há um reconhecimento da importância do diálogo direto entre as duas nações para resolver a crise.

Missão empresarial em busca de saídas comerciais

Uma delegação de empresários brasileiros está nos Estados Unidos desde o início da semana, buscando abrir exceções para produtos brasileiros em meio às altas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. O grupo também pretende evitar novas sanções que possam afetar a economia do Brasil. Na quarta-feira, esses empresários participaram de uma audiência pública no Escritório do Representante Comercial (USTR) dos EUA, destacando a importância do fortalecimento dos laços comerciais. As negociações comerciais estão se tornando um tema central para o fortalecimento da relação bilateral, especialmente no atual contexto político delicado. Os resultados do encontro serão repassados ao vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin, possivelmente através da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Impacto das políticas de Trump nas relações

As tarifas impostas pelo governo americano têm sido um ponto crítico nas negociações entre os dois países. Brasil e Estados Unidos possuem uma relação econômica significativa, mas as tensões políticas, especialmente em relação a figuras como Bolsonaro e Moraes, colocam em risco essa parceria. Uma fonte presente na reunião destacou que “os Estados Unidos não negociam com o Brasil se a situação de Bolsonaro ficar de fora das discussões”, indicando que a normalização das relações diplomáticas e comerciais passa necessariamente pela resolução dos conflitos relacionados ao ex-presidente. O cenário atual do comércio Brasil-EUA enfrenta desafios significativos, com empresários e líderes políticos cientes de que somente através de um diálogo aberto e criativo será possível encontrar soluções que atendam aos interesses de ambos os países.

Contexto histórico das tensões diplomáticas

• Sanções Magnitsky: Em agosto de 2025, os Estados Unidos aplicaram sanções contra Alexandre de Moraes com base na Lei Global Magnitsky, citando “evidentes violações dos direitos humanos”
• Críticas oficiais: Christopher Landau afirmou que Moraes “destruiu o relacionamento historicamente próximo do Brasil com os EUA” ao tentar aplicar a lei brasileira extraterritorialmente
• Processo judicial: Moraes é relator da ação penal contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, processo que tem impacto direto nas relações diplomáticas
• Advertências diplomáticas: A Embaixada dos EUA em Brasília publicou advertências diretas contra Moraes e seus aliados, acompanhando “a situação de perto”
• Separação de poderes: O governo americano argumenta que pode negociar com os poderes Executivo e Legislativo, mas não com um juiz individual

Principais pontos da audiência no USTR

• Práticas comerciais: A plenária teve por objetivo discutir a suspeita de práticas comerciais desleais pelo Brasil
• Setores afetados: Discussões envolvem diversos temas comerciais que impactam diferentes setores da economia brasileira
• Representação empresarial: Empresários brasileiros apresentaram argumentos para fortalecer os laços comerciais bilaterais
• Exceções tarifárias: Busca por abrir exceções para produtos brasileiros em meio às altas tarifas americanas
• Prevenção de sanções: Esforços para evitar novas medidas restritivas que possam prejudicar a economia brasileira