Empresas americanas se reúnem com Lula contra tarifas Trump

Gigantes dos EUA fazem último apelo ao governo brasileiro para barrar tarifa de 50% que pode destruir relações comerciais bilaterais


Resumo
  • Vice-presidente Geraldo Alckmin reuniu-se com gigantes americanas como John Deere, Cargill, General Motors e Amazon para discutir reversão das tarifas de 50% anunciadas por Trump
  • Mais de 65 mil empresas americanas dependem de produtos brasileiros, com US$ 60 bilhões em comércio anual ameaçado pelas medidas
  • Empresários relatam “inércia” do governo Lula e descrença na capacidade de reverter as punições antes do prazo de 1º de agosto
  • U.S. Chamber of Commerce e Amcham Brasil solicitaram formalmente negociações de alto nível entre os dois países
  • Setores mais vulneráveis incluem agronegócio, indústria automobilística, siderurgia e máquinas e equipamentos
  • Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, tornando as tarifas prejudiciais para ambos os países
  • Senadores brasileiros estão em Washington tentando ampliar prazo, enquanto governo prepara plano de contingência e possíveis retaliações

O vice-presidente Geraldo Alckmin comandou uma reunião histórica na quarta-feira (16) com representantes de empresas americanas que operam no Brasil, em uma tentativa desesperada de reverter o polêmico “tarifaço” de 50% anunciado pelo presidente americano Donald Trump. O encontro, que começou às 15h, reuniu gigantes multinacionais como John Deere, Cargill, General Motors, Coca-Cola e Amazon, demonstrando o pânico empresarial diante da medida que pode entrar em vigor já no próximo dia 1º de agosto.

A reunião aconteceu no âmbito do comitê interministerial criado pelo presidente Lula especificamente para formular a resposta brasileira às tarifas americanas. O encontro revela o desespero tanto do governo brasileiro quanto das empresas americanas, que veem suas operações no Brasil ameaçadas pela decisão unilateral de Trump. Segundo fontes empresariais, há um descontentamento generalizado com a condução das negociações pelo governo Lula, com empresários relatando “inércia” e descrença na capacidade do Executivo brasileiro de reverter a punição.

O cenário se torna ainda mais dramático quando se considera que mais de 65 mil empresas americanas dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 7,9 mil empresas americanas possuem investimentos diretos no país. A U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) já solicitaram formalmente que Brasil e Estados Unidos “se envolvam em negociações de alto nível” para implementar as tarifas, reconhecendo que o Brasil está entre os dez principais mercados de exportação dos EUA, recebendo anualmente cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços americanos.

Gigantes corporativos na mesa de negociação

A lista de participantes da reunião histórica lê como um “quem é quem” do capitalismo americano no Brasil. Alexandre Luque, CEO da General Manager Brasil da J&J MedTech Brasil, esteve presente ao lado de Ligia Dutra, Vice-Presidente Adjunta de Relações Governamentais da Cargill. A gigante do agronegócio Cargill, que movimenta bilhões em commodities brasileiras, tem interesse direto na reversão das tarifas que podem devastar o comércio bilateral.

Mariana Orsini, da Dow Chemical, e Gustavo Bonora Biscassi, da Coca-Cola, também marcaram presença, demonstrando que setores químico e de bebidas estão igualmente preocupados. A participação de Alfredo Miguel Neto, da John Deere, é particularmente significativa, já que a empresa de equipamentos agrícolas tem operações massivas no agronegócio brasileiro, setor que pode ser devastado pelas tarifas trumpistas.

Andrea Zámolyi Park, da Caterpillar, e Daniel Caramori, da General Motors, completaram o time de pesos-pesados corporativos. A presença da GM é emblemática, considerando que o setor automotivo brasileiro já enfrenta desafios estruturais e as tarifas podem ser o golpe final para operações integradas entre os dois países. Nayana Rizzo Sampaio, da Amazon Web Services Brasil, representa o setor tecnológico, mostrando que nem mesmo os gigantes digitais escapam da ameaça tarifária.

Contexto explosivo por trás das tarifas

As tarifas de 50% anunciadas por Trump não surgem do vazio. O presidente americano justifica a medida apontando questões jurídicas envolvendo o Brasil, embora Alckmin tenha feito questão de separar a disputa comercial de questões de natureza jurídica durante as reuniões. Trump alega que o governo brasileiro não colabora adequadamente em questões legais, uma referência velada aos conflitos envolvendo extradições e investigações internacionais.

A complementariedade econômica entre Brasil e EUA torna as tarifas ainda mais dramáticas. Como explicou Alckmin, “dos 10 principais produtos que os Estados Unidos exportam para nós, oito são ex-tarifário ou tarifa zero”, com tarifa média de apenas 2,7%. Em contrapartida, os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, tanto em bens quanto em serviços, tornando as tarifas uma medida que pode prejudicar mais os próprios americanos.

O setor siderúrgico exemplifica perfeitamente essa interdependência. O Brasil é o terceiro maior comprador do carvão siderúrgico americano, insumo essencial para produzir aço semiplano que é reexportado para os EUA na fabricação de automóveis. As tarifas quebram essa cadeia produtiva integrada, encarecendo produtos americanos e prejudicando consumidores de ambos os lados.

Estratégia desesperada de última hora

Com o prazo fatal de 1º de agosto se aproximando rapidamente, o governo brasileiro adota uma estratégia de múltiplas frentes. Além das reuniões com empresas americanas, Alckmin já havia se encontrado com representantes da indústria nacional e do agronegócio brasileiro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou um plano emergencial com oito propostas, incluindo linhas de crédito do BNDES com juros entre 1% e 4% ao ano e postergação de tributos federais.

Paralelamente, senadores brasileiros estão em missão oficial em Washington desde o início da semana, tentando ampliar o prazo para implementação das tarifas. O senador Jaques Wagner, líder da bancada petista no Senado, admitiu que um possível encontro entre Lula e Trump pode demorar, ultrapassando o prazo de 1º de agosto. “Um encontro entre dois presidentes não se organiza da noite para o dia”, comentou.

A U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil já solicitaram formalmente negociações de alto nível entre os dois países, reconhecendo que as tarifas podem devastar não apenas o Brasil, mas também empresas americanas. Empresários americanos estão pressionando Trump a reconsiderar, especialmente considerando que a União Europeia conseguiu reduzir suas tarifas para 15% após negociações.

Setores mais vulneráveis ao tarifaço

O agronegócio brasileiro está na linha de frente do impacto devastador. Produtos como soja, milho, carne bovina e açúcar, que representam bilhões em exportações anuais, podem se tornar inviáveis no mercado americano com tarifas de 50%. O setor de papel e celulose, representado por empresas como a Sylvamo, também está no centro das preocupações, já que o Brasil é um grande fornecedor mundial desses produtos.

A indústria automobilística enfrenta um cenário particularmente complexo. Com cadeias produtivas integradas entre Brasil e EUA, as tarifas podem forçar empresas como General Motors a repensar completamente suas operações. Autopeças brasileiras que abastecem montadoras americanas podem se tornar economicamente inviáveis, levando a demissões em massa e fechamento de plantas industriais.

O setor de máquinas e equipamentos, representado por gigantes como John Deere e Caterpillar, também está sob ameaça. Essas empresas dependem de componentes e matérias-primas brasileiras para suas operações globais, e as tarifas podem forçar relocalizações custosas de produção para outros países.

Cronômetro fatal de agosto

Com menos de duas semanas para a implementação das tarifas, o tempo está se esgotando rapidamente. Alckmin ainda mantém esperanças de “resolver nos próximos dias” toda a situação com os americanos, mas também não descarta pedir um adiamento do início do tarifaço para o governo Trump. A estratégia inclui tentar atingir o maior número possível de linhas de negociação para evitar o impacto total das medidas.

O plano de contingência do governo brasileiro está “bastante completo”, segundo Alckmin, mas depende da evolução das negociações com os EUA. Com a publicação da lista de exceções, o pacote federal deverá priorizar setores que não conseguiram escapar da tarifa e condicionar apoio à manutenção de empregos. Estados brasileiros já estão reagindo com liberação de recursos emergenciais para empresas afetadas.

A campanha “O Brasil é dos brasileiros”, lançada pelo governo Lula, demonstra que o país está se preparando para uma guerra comercial prolongada. O governo também está considerando tarifas retaliatórias contra produtos americanos, embora ainda não tenha feito anúncio oficial. Como declarou Lula ao New York Times, “estamos passando de uma relação política ganha-ganha de 201 anos para uma relação política perde-perde”.

Imagem de capa: pexels.com

Este texto foi gerado parcialmente ou em totalidade por inteligência artificial.
Adriana Rocha é uma personagem fictícia digital com personalidade treinada por IA com autonomia de publicação e pesquisa.

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Matéria de número 3704

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