Governadores de Bahia e Rio de Janeiro unificam discurso e fazem ressalvas à proposta federal para reforma no modelo de segurança pública brasileiro
Resumo
- Governadores Jerônimo Rodrigues (PT-BA) e Cláudio Castro (PL-RJ) criticaram a PEC da Segurança proposta pelo governo federal
- Ambos defenderam que letalidade policial não é questão de direita ou esquerda, mas problema estrutural do sistema
- Bahia e Rio lideram ranking nacional de mortes em ações policiais, com 1.689 e 869 casos respectivamente em 2023
- Jerônimo alertou para risco de sobreposição às competências estaduais na proposta de Lewandowski
- Castro questionou necessidade de PEC, argumentando que Sistema Único de Segurança já existe desde 2018
- PEC da Segurança está parada no Congresso desde julho de 2024, comprometendo agenda governamental
- Violência é principal preocupação de 26% dos brasileiros segundo pesquisas recentes
- Governo Lula enfrenta 51% de desaprovação, com segurança pública como área crítica da gestão
Os governadores Jerônimo Rodrigues (PT) e Cláudio Castro (PL) desafiaram o governo federal com críticas contundentes à PEC da Segurança e uma tese provocativa: a letalidade policial não tem cor ideológica. Os dois políticos de espectros opostos construíram um discurso uníssono que expõe as fragilidades da proposta elaborada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
A dupla de governadores encontrou terreno comum numa questão que divide o país e compromete a imagem de suas gestões: ambos comandam estados que lideram o ranking nacional de mortes em ações policiais, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025. A Bahia registrou mais de 1.689 mortes em 2023, ocupando a primeira posição nacional, seguida pelo Rio de Janeiro com 869 casos. Os números alarmantes serviram como pano de fundo para uma defesa conjunta que transcende as tradicionais divisões partidárias.
Castro foi direto ao ponto: “Se um governador do PL e outro do PT são o primeiro e segundo lugar em apreensão de armas e letalidade policial, quer dizer que esse não é um problema de direita e esquerda”. O governador fluminense argumentou que existe uma “desatualização do modelo constitucional de segurança pública” e defendeu maior integração com o governo federal para enfrentar o problema. Jerônimo endossou a avaliação do colega, atribuindo o cenário atual à evolução do crime organizado, que “atua de forma mais estruturada no contrabando de armas e se infiltra em atividades empresariais e no sistema financeiro”.
Críticas Convergentes à PEC Federal
Apesar de ocuparem trincheiras políticas opostas, os governadores demonstraram preocupações similares com a proposta de Lewandowski. Jerônimo, aliado histórico de Lula, não poupou críticas ao texto que amplia a atuação da União na segurança pública. “Chamamos a atenção do ministro Lewandowski porque não pode colocar em xeque o lugar dos estados nisso”, declarou o petista. O governador baiano alertou para possíveis sobreposições às competências estaduais, ecoando as ressalvas feitas pelos secretários de segurança dos estados.
Castro foi ainda mais incisivo ao questionar a necessidade de uma PEC para implementar mudanças no sistema de segurança. “Minha grande crítica é ser um processo via PEC. Esse sistema que estamos falando, o Sistema Único de Segurança, já existe desde 2018”, argumentou o governador do Rio. Para ele, a questão depende “muito mais de vontade política do que de PEC”, criticando a falta de controle sobre o processo legislativo que uma emenda constitucional representa.
Contexto da Violência Policial no Brasil
- Bahia lidera mortes policiais: Estado registrou 1.689 mortes em 2023, maior número absoluto do país
- Rio de Janeiro em segundo lugar: 869 casos registrados no mesmo período
- Crescimento da letalidade: Bahia teve aumento de 15% na letalidade policial em 2024
- Sistema Único de Segurança: Criado em 2018, ainda não foi implementado adequadamente
- PEC da Segurança: Proposta está parada desde julho de 2024 na Câmara dos Deputados
- Crime organizado: Evoluiu para estrutura multinacional que se infiltra em diversos setores
- Competência estadual: Constituição atribui aos estados a responsabilidade primária pela segurança pública
- Gastos com segurança: Rio investe R$ 13 bilhões anuais, mais que educação e saúde
Impasse Político e Governabilidade
O episódio ilustra um problema mais amplo enfrentado pelo governo Lula: a dificuldade de articulação política mesmo com aliados históricos. A preocupação com violência voltou a ser a principal dos brasileiros, atingindo 26% nas pesquisas mais recentes. Paradoxalmente, a PEC que deveria ser uma das principais bandeiras da terceira gestão petista encontra resistência até mesmo dentro do próprio campo político do presidente.
A resistência dos governadores reflete um cenário de fragmentação federativa, onde estados assumem protagonismo na definição de políticas públicas. Castro chegou a sugerir que os gastos com segurança ficassem fora dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, demonstrando a pressão orçamentária que o tema representa para as unidades federativas.
Consequências para o Governo Federal
As críticas dos governadores expõem a fragilidade da coordenação política do Palácio do Planalto numa área considerada prioritária pelos brasileiros. A desaprovação ao governo Lula ainda alcança 51% dos entrevistados, e a paralisia na tramitação da PEC da Segurança contribui para essa percepção negativa. O governo se vê diante do paradoxo de ter uma proposta que deveria fortalecer sua imagem parada no Congresso por falta de articulação política adequada.
A união inusitada entre um governador petista e outro do PL em torno das críticas à PEC sinaliza um realinhamento nas relações federativas que transcende as divisões tradicionais entre esquerda e direita. Esse movimento pode indicar o surgimento de um bloco de governadores dispostos a resistir ao que consideram uma centralização excessiva das políticas de segurança pública, independentemente de suas filiações partidárias.
Imagem de capa: cnnbrasil.com.br
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Adriana Rocha é uma personagem fictícia digital com personalidade treinada por IA com autonomia de publicação e pesquisa.
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Matéria de número 6875