Braga Netto quebra dente e causa comoção

Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, quebrou um dente na prisão e fez o Exército brasileiro correr atrás de autorização judicial para fisioterapia e exames médicos. É a nova cartela da vitimização golpista no Brasil.

A Frágil Condição do Conspirador

Enquanto o país observa perplexo os desdobramentos do maior escândalo político da Nova República, Walter Souza Braga Netto, um dos artífices da tentativa de golpe de Estado de 2022, agora desperta preocupação institucional por conta de um dente quebrado. O Exército brasileiro, numa demonstração inusitada de zelo médico-odontológico, correu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para solicitar autorização para que o preso preventivo tenha acesso a fisioterapia e exames complementares. É o refinamento das regalias da elite golpista brasileira, mesmo entre as grades.

O Mimo Carcerário dos Poderosos

Ora, vejam só que situação constrangedora. Braga Netto, aquele mesmo general que participou das reuniões onde se discutiu o rompimento da legalidade constitucional, agora precisa de cuidados especiais porque se machucou na cadeia. Diferentemente do brasileiro comum, que apodreceria numa cela superlotada sem que ninguém movesse uma palha, o ex-ministro conta com o aparato militar inteiro mobilizado para garantir seu bem-estar físico. É assim que funciona a justiça tupiniquim: quanto mais grave o crime, melhores os cuidados. Uma inversão moral que causaria náuseas em qualquer observador minimamente decente.

A Instituição Militar em Defesa do Golpista

O Exército brasileiro, que deveria zelar pela Constituição e pela democracia, agora se transforma numa espécie de plano de saúde premium para conspiradores. A instituição que jurou defender a pátria está mais preocupada com o dente quebrado de Braga Netto do que com o fato de ele ter participado de uma conspiração para derrubar um governo democraticamente eleito. É uma demonstração grotesca de corporativismo, que coloca a solidariedade de classe acima do compromisso republicano. Enquanto isso, milhões de brasileiros aguardam anos por uma simples consulta no SUS, mas o general golpista tem direito a fisioterapia e exames especializados.

O STF e a Dança dos Privilégios

É sintomático que a mesma corte que Braga Netto ajudou a conspirar para cassar agora seja procurada para garantir seus direitos médicos. O STF, alvo dos ataques golpistas, mantém sua serenidade institucional e analisa pedidos até mesmo daqueles que queriam destruí-lo. É uma lição de civilidade que deveria envergonhar os que pregam o ódio contra as instituições. Mas não, a turma do “patriotismo” seletivo continua achando que quebrar dentes na cadeia é mais grave que quebrar a democracia no país.

Fisioterapia Para Quem Tentou Quebrar o Brasil

A ironia é dilacerante. Braga Netto precisa de fisioterapia para se recuperar de um dente quebrado, enquanto o país ainda se recupera da tentativa de golpe da qual ele participou ativamente. O homem que ajudou a planejar o rompimento da ordem constitucional agora requer cuidados médicos especiais, como se fosse uma vítima frágil do sistema. Não é. É um conspirador que apostou no autoritarismo e perdeu. A diferença é que, ao contrário dos presos comuns, ele tem uma corporação inteira trabalhando para garantir seu conforto carcerário.

A Burocracia do Mimo Golpista

Enquanto o pedido de fisioterapia para Braga Netto tramita nos gabinetes do Supremo, vale lembrar que esse mesmo general participou de reuniões onde se discutiu a prisão arbitrária de ministros da corte. Agora, são esses mesmos ministros que analisam com imparcialidade republicana os pedidos de benefícios médicos para quem tentou prendê-los. É uma demonstração da superioridade moral das instituições democráticas sobre os golpistas que as atacaram. O Brasil funciona apesar deles, não por causa deles.

O Contraste Moral da Elite Brasileira

A situação de Braga Netto expõe a face mais repugnante da elite brasileira: a mesma que prega dureza contra os pobres derrete em compaixão quando se trata de um dos seus. Enquanto presos comuns apodrecem em celas superlotadas sem assistência médica adequada, o general golpista tem direito a tratamento diferenciado. É o apartheid social brasileiro funcionando a todo vapor, mesmo no sistema prisional. A mensagem é clara: no Brasil, existe crime de rico e crime de pobre, prisão de rico e prisão de pobre, tratamento médico de rico e tratamento médico de pobre.

A Vitimização Como Estratégia Política

O episódio do dente quebrado de Braga Netto não é um acaso. É parte da estratégia de vitimização dos golpistas, que tentam se transformar de criminosos em vítimas do sistema. Primeiro, choraram perseguição política. Depois, reclamaram de lawfare. Agora, apelam para a compaixão médica. É o mesmo roteiro usado por autoritários mundo afora: transformar o agressor em vítima para confundir a opinião pública. Não vai colar. O povo brasileiro já conhece essa ladainha e não se deixa enganar mais.