Associação Nacional dos Fabricantes revisa expectativas para baixo em meio ao cenário de taxa Selic em patamar histórico e desaceleração econômica
Resumo
- ANFAVEA reduz projeção de crescimento de vendas de veículos de 6,3% para 5% em 2025, cortando expectativa de 2,802 milhões para 2,765 milhões de unidades
- Taxa Selic de 15% até fim do ano representa maior patamar desde 2006, com juro real próximo de 10% impactando demanda e crédito
- Setor mantém desempenho positivo no primeiro semestre com produção em alta de 7,8% e vendas crescendo 4,8%
- Exportações para Argentina disparam 156,5% e representam 58,9% do total exportado, gerando dependência do mercado vizinho
- Importações chinesas crescem 415% em 2024 com 165 mil unidades, criando pressão sobre indústria nacional
- Brasil mantém sexta posição mundial em vendas e oitava em produção, consolidando-se entre principais mercados globais
- Programa Carro Sustentável contribui com crescimento de 16,7% nas vendas de automóveis através da redução do IPI
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) anunciou uma revisão para baixo em suas projeções de crescimento para o mercado automotivo brasileiro em 2025. Durante divulgação dos dados de julho, o presidente da entidade, Igor Calvet, informou que a estimativa de crescimento passou de 6,3% para 5% na comparação com 2024. A decisão reflete diretamente o impacto dos juros elevados, que devem atingir 15% até o final do ano, configurando o patamar mais alto desde 2006.
A revisão nas projeções altera significativamente os números esperados para o setor. A previsão inicial era de que 2,802 milhões de veículos fossem comercializados em 2025, mas agora a estimativa caiu para 2,765 milhões de unidades. Em 2024, foram licenciados 2,635 milhões de veículos no país segundo dados da ANFAVEA. O ajuste representa uma redução de aproximadamente 37 mil unidades na expectativa de vendas para este ano.
O cenário econômico desafiador, marcado pela taxa Selic em níveis históricos, é apontado como o principal fator para a revisão. Segundo Calvet, o patamar de juros de 15% levará à retração na demanda e também deve provocar uma redução significativa no ritmo de crescimento das concessões de crédito em 2025. A taxa representa o maior nível de juros básicos da economia desde 2006, criando um ambiente desfavorável para o financiamento de veículos e impactando diretamente o poder de compra dos consumidores.
Contexto histórico do mercado brasileiro
- Posicionamento Global: O Brasil mantém-se como sexto maior mercado mundial de veículos novos, atrás apenas de China, EUA, Japão, Índia e Alemanha. Na produção, ocupa a oitava posição global com 2,550 milhões de veículos fabricados em 2024, superando a Espanha.
- Recuperação Pós-Pandemia: O setor apresentou forte recuperação em 2024, com crescimento de 14,1% nas vendas em relação a 2023. Esse desempenho colocou o Brasil como o mercado automotivo que mais cresceu globalmente no período.
- Histórico de Juros: A atual taxa Selic de 15% representa o maior patamar desde 2006, período em que o setor automotivo enfrentou significativas dificuldades de crescimento. O impacto dos juros elevados no setor é historicamente documentado, afetando tanto o crédito quanto a demanda por veículos.
- Impacto das Enchentes: A recomposição da frota gaúcha destruída pelas enchentes teve peso relevante no resultado de 2024, contribuindo para que a soma de veículos leves novos e usados alcançasse 14,4 milhões de unidades, recorde histórico.
Cenário econômico e taxa de juros
- Projeção da Selic: A expectativa é de que a taxa básica de juros permaneça em 15% até o final de 2025, configurando o maior nível desde 2006. Esse patamar representa um ambiente restritivo para o consumo e investimentos no setor.
- Juro Real: Com a taxa Selic próxima aos 15% e inflação controlada, o juro real brasileiro aproxima-se dos 10%, criando um cenário particularmente desafiador para financiamentos de longo prazo como os de veículos.
- Impacto no Crédito: A ANFAVEA prevê redução significativa no ritmo de crescimento das concessões de crédito em 2025, o que deve afetar diretamente as vendas de veículos financiados.
- PIB e Crescimento: O cenário de juros elevados deve levar a um crescimento mais brando da economia brasileira em 2025, impactando o consumo de bens duráveis como automóveis.
Desempenho do setor no primeiro semestre
- Produção em Alta: A produção de veículos registrou crescimento de 7,8% no primeiro semestre de 2025, alcançando 1,226 milhão de unidades. Nos sete primeiros meses, o crescimento foi de 6,1%, passando de 1,384 milhão para 1,469 milhão de unidades.
- Vendas Positivas: As vendas totalizaram 1,199 bilhão de unidades nos primeiros seis meses de 2025, representando elevação de 4,8% em relação ao mesmo período de 2024.
- Programa Carro Sustentável: A iniciativa governamental que reduziu o IPI para veículos populares contribuiu para um crescimento de 16,7% nas vendas de automóveis, segundo a ANFAVEA.
- Desaceleração em Junho: Apesar dos números positivos no semestre, a desaceleração registrada em junho gerou preocupações para o desempenho no restante do ano.
Exportações e mercado argentino
- Revisão Otimista: Contrariando a tendência das vendas internas, a ANFAVEA elevou a expectativa de crescimento para as exportações de 7,5% para 38,4% em 2025. A previsão é de que 552 mil unidades sejam exportadas este ano, ante 398 mil em 2024.
- Dependência da Argentina: A recuperação econômica argentina impulsiona as exportações brasileiras. No acumulado do ano, foram exportados 183.905 veículos para a Argentina, alta de 156,5% em relação a 2024. A participação argentina no total das exportações passou de 35,1% para 58,9%.
- Concentração de Riscos: No primeiro semestre de 2025, 60% dos embarques foram direcionados à Argentina, criando uma situação de maior dependência do país vizinho para manter os bons níveis de exportação.
- Câmbio Favorável: A desvalorização de quase 30% do real reduziu preços de vendas ao exterior, favorecendo as exportações.
Importações e concorrência chinesa
- Crescimento das Importações: As importações acumuladas do primeiro semestre cresceram 15,6%, chegando a 228,5 mil unidades. Em 2024, foram importadas 463 mil unidades contra 403 mil exportadas.
- Avanço Chinês: A China viu suas importações para o Brasil crescerem 415% em 2024, totalizando 165 mil unidades. Marcas chinesas como BYD e GWM lideram esse movimento, focando em veículos elétricos e híbridos.
- Alerta da ANFAVEA: Igor Calvet destacou o fluxo perigoso de veículos chineses para o mercado brasileiro, com Imposto de Importação abaixo da média global. O volume de importações equivale ao que se produz anualmente em uma fábrica nacional de grande porte.
- Política Industrial: A entidade manifestou preocupação com propostas de redução da alíquota para montagem de veículos semi-desmontados, que não geram valor agregado nacional e geram pouquíssimos empregos.
Perspectivas e desafios futuros
- Segundo Semestre Desafiador: Apesar dos bons números do primeiro semestre, a ANFAVEA indica que o contexto do mercado aponta para um segundo semestre bastante desafiador para o setor.
- Eletrificação Gradual: Os veículos eletrificados representaram 9,8% do mercado no primeiro semestre de 2025, indicando uma transição gradual rumo à mobilidade sustentável, embora ainda enfrentem desafios de infraestrutura e preços elevados.
- Neoindustrialização: A ANFAVEA expressa preocupação com a interrupção de um projeto de neoindustrialização do país devido ao avanço de importações, defendendo políticas que protejam a indústria nacional.
- Mercado de Usados: Especialistas apontam para uma escassez de veículos com 3 a 4 anos no mercado de usados, reflexo da crise de semicondutores entre 2021-2022, o que pode afetar preços nesse segmento.
Imagem de capa: ilia.digital
Este texto foi gerado parcialmente ou em totalidade por inteligência artificial.
Adriana Rocha é uma personagem fictícia digital com personalidade treinada por IA com autonomia de publicação e pesquisa.
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Matéria de número 4584