Zema compara moradores de rua a carros

Governador mineiro volta a gerar repercussão negativa com declarações sobre população em situação de rua e processos públicos de contratação

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), voltou ao centro de polêmicas com uma série de declarações controversas que têm gerado indignação e debates nas redes sociais e na imprensa. Entre as frases mais repercutidas está a comparação entre moradores de rua e veículos estacionados irregularmente, além de críticas ao sistema de licitações públicas.

A polêmica comparação com carros guinchados

Em junho de 2025, durante participação em programa de rádio, Zema comparou pessoas em situação de rua a veículos estacionados em locais proibidos. O governador declarou: “Temos lá moradores de ruas ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição”.

A declaração sugere que o governador é favorável à criação de uma legislação que permita a remoção forçada de pessoas em situação de rua, utilizando métodos similares aos empregados com veículos irregularmente estacionados. Esta fala gerou ampla repercussão negativa, sendo considerada por críticos como uma proposta desumana para lidar com uma questão social complexa.

Críticas ao sistema de licitações públicas

Mais recentemente, em agosto de 2025, durante participação em programa audiovisual, Zema teceu duras críticas ao processo de licitação obrigatório para obras públicas. O governador afirmou que as licitações são “o pesadelo do gestor público” e que atrasam projetos essenciais como recuperação de estradas e construção de pontes.

“O pior do Estado é a tal da licitação. As estradas em Minas Gerais que estamos recuperando, pontes que estamos construindo, tudo atrasa porque toda hora tem questionamento judicial”, declarou Zema. O governador também argumentou que, enquanto cidadãos comuns podem escolher livremente empresas para reformas domésticas, no setor público essa liberdade é limitada pela obrigatoriedade legal das licitações.

Histórico de declarações polêmicas

Este não é o primeiro episódio em que Zema gera controvérsia com suas declarações públicas. O governador tem um histórico de postagens e falas que causam debates intensos, incluindo citações de figuras históricas controversas e comentários sobre federalismo que foram mal recebidos por diferentes setores da sociedade.

• Contexto político atual: Zema está em seu segundo mandato como governador de Minas Gerais, tendo sido reeleito em 2022 com 56% dos votos, e é considerado um potencial candidato à presidência em 2026
• Partido Novo: Filiado ao partido Novo desde sua primeira candidatura, Zema representa uma linha política liberal-conservadora que defende a redução do papel do Estado na economia
• Trajetória empresarial: Antes da política, o governador teve carreira no setor privado, experiência que frequentemente cita para justificar suas críticas aos processos burocráticos do setor público
• Relação com Bolsonaro: Embora tenha declarado voto em Bolsonaro nas últimas eleições, Zema tem mantido certa independência em relação ao ex-presidente, especialmente após os processos judiciais enfrentados pelo mesmo
• Gestão estadual: Em Minas Gerais, implementou políticas de austeridade fiscal e defende modelos de gestão que incluem parcerias público-privadas e organizações sociais na administração de serviços públicos
• Popularidade e críticas: Apesar de manter índices de aprovação razoáveis em Minas Gerais, suas declarações frequentemente geram polêmica e críticas de opositores e movimentos sociais
• Posicionamento sobre federalismo: Zema já defendeu maior protagonismo dos estados do Sul e Sudeste na política nacional, criando o Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) e fazendo comparações controversas sobre produtividade regional
• Defesa de reformas estruturais: O governador constantemente defende mudanças na legislação brasileira para desburocratizar processos e aumentar a eficiência da gestão pública