PT pressiona cassação de Eduardo Bolsonaro

Líder petista critica deputado por articular sanções dos EUA contra presidentes da Câmara e Senado

Escalada da Crise

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), intensificou na quarta-feira (6) as pressões para que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A medida surge após o deputado bolsonarista, atualmente nos Estados Unidos, ameaçar os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com sanções americanas caso não aceitem negociar pautas da oposição.

Articulação Internacional Contra o Brasil

Eduardo Bolsonaro confirmou à imprensa que mantém contato direto com autoridades americanas para aplicar medidas punitivas ao Brasil. O parlamentar revelou que trabalha pela vitória ou derrota total, articulando novas sanções caso os presidentes das duas casas do Congresso não pautem o impeachment de Alexandre de Moraes e a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar das autoridades americanas.

Estratégia Digital do PT

O partido ativou sua militância digital para bombardear os perfis e e-mail funcional de Hugo Motta com cobranças pela cassação imediata. A campanha, coordenada pelo Instituto Lula, Fundação Perseu Abramo e sindicatos, distribuiu mensagens em grupos de WhatsApp afirmando que Eduardo Bolsonaro foi peça-chave nessa traição ao Brasil, referindo-se às tarifas de 50% impostas pelo governo Trump. O PT justifica a pressão argumentando que Eduardo traiu a pátria ao articular sanções ao Brasil para favorecer seu pai.

Contexto Político e Institucional

Hugo Motta (Republicanos-PB)
Presidente da Câmara dos Deputados desde fevereiro de 2025, sucedeu Arthur Lira na condução da Casa. Nascido na Paraíba, Motta é formado em Direito e construiu carreira política no interior nordestino. Atualmente enfrenta pressão tanto da oposição, que exige reunião conjunta com o Senado para negociar pautas bolsonaristas, quanto do governo, que cobra posicionamento contra Eduardo Bolsonaro.

Davi Alcolumbre (União-AP)
Presidente do Senado Federal, retornou ao comando da Casa após ter exercido o cargo entre 2019 e 2021. Natural do Amapá, é formado em Administração e representa uma das principais lideranças do Centro no Congresso. Junto com Motta, resiste às pressões para pautar o impeachment de Moraes.

Lindbergh Farias (PT-RJ)
Ex-governador do Rio de Janeiro (2007-2014) e atual líder do PT na Câmara, Farias é uma das principais vozes do partido no Congresso. Formado em Economia, tem histórico de enfrentamento à extrema direita e articula a estratégia petista de pressão máxima pela cassação de Eduardo Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
Deputado federal licenciado desde março de 2025, filho de Jair Bolsonaro reside nos Estados Unidos onde articula sanções contra o Brasil. Formado em Direito, foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e mantém estreitas relações com republicanos americanos. Pode perder o mandato por excesso de faltas em novembro.

Mauro Cid
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tornou-se delator-chave no caso da tentativa de golpe. Militar de carreira, foi um dos principais articuladores da trama golpista e atualmente colabora com as investigações da Polícia Federal, fornecendo detalhes sobre reuniões e planejamentos contra a democracia.

Impasse no Congresso

Bolsonaristas ocupam fisicamente os plenários da Câmara e Senado desde segunda-feira, impedindo o funcionamento normal dos trabalhos legislativos. A obstrução protesta contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e exige a tramitação do PL da anistia e do impeachment de Alexandre de Moraes. Motta e Alcolumbre convocaram reuniões separadas com líderes, mas a oposição exige encontro conjunto envolvendo ambos os presidentes.

Lei Magnitsky e Sanções

O governo Trump aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, impondo sanções financeiras por supostas violações de direitos humanos. O dispositivo, acionado pela Secretaria do Tesouro americano, é usado para punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves. Eduardo Bolsonaro articula a extensão dessas medidas a outras autoridades brasileiras que não cederam às pressões bolsonaristas.

Pedidos de Cassação

Diversos requerimentos de cassação e afastamento cautelar de Eduardo Bolsonaro tramitam no Conselho de Ética da Câmara, pendentes de análise da Mesa Diretora. O PT também solicitou ao ministro Alexandre de Moraes o impedimento do deputado de exercer qualquer função pública por traição à Pátria. Uma campanha na plataforma Avaaz coleta assinaturas exigindo cassação imediata.

Perspectivas

Eduardo Bolsonaro pode perder automaticamente o mandato em novembro ao atingir 30% de faltas no ano legislativo, caso não participe de sessões virtuais. O deputado admitiu que pode viver décadas em exílio nos Estados Unidos se não alcançar seus objetivos políticos. Enquanto isso, a pressão do PT sobre Hugo Motta intensifica o clima de confronto no Congresso, num momento de grave crise institucional entre os Poderes.